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segunda-feira, 10 de junho de 2013

Uma hora, isso ia acontecer...


Na quinta-feira passada, entre outras atividades, fomos cumprir um mandado de busca e apreensão na casa de um investigado pro tráfico.
Sabemos que ele trafica, mas precisamos provar.

Reviramos toda a casa, procuramos nos lugares mais improváveis.
No entanto, não encontramos nada.

Ele é aquele mesmo do sorriso debochado, que eu referi em outra postagem tempos atrás.
Na saída, tivemos que agüentar o mesmo sorriso debochado.

Mas uma hora ele cai.
Na sexta-feira, passei por situações que imaginei que passaria em algum momento.

Íamos para casa, perto do meio dia, um colega novato, um estagiário e eu.
Quando cruzávamos por uma praça conhecida da cidade, avistamos um rapaz acendendo um baseado.

O almoço iria esperar.
O colega e eu decidimos abordá-lo.

Voltamos, abordamos, revistamos e o identificamos.
Como não possuía mais nada, o conduzimos até a Delegacia para o registro por posse de entorpecente.

Fomos a pé mesmo.
Ele utilizava muletas, por isso não o algemamos, apenas o acompanhamos de perto.

Realizamos o registro com o plantonista e fomos embora.
À noite, fora do expediente, estava eu saindo do condomínio quando notei a aproximação de um homem próximo ao portão.

Já fiquei prestando atenção nele.
Quando fechei o portão e ele me viu, veio em minha direção de um jeito estranho e me disse “o meu, me arruma dez pila”.

Imediatamente levei a mão à cintura, mas não saquei a arma.
Disse a ele que não tinha nada e o mandei embora.

Ele insistia e o cheiro de cachaça ficava evidente.
Diante da insistência e desconfiado da atitude dele, levantei a camiseta e empunhei a arma, mas não a saquei.

Vi que ele percebeu e disse “o meu, não sou ladrão nem assaltante!”.
Mas eu ainda tinha minhas dúvidas, então continuei o mandando embora, pois não o conhecia e não lhe daria dinheiro.

Desviei dele e fui até o carro, sempre cuidando a movimentação dele, mas ele não insistiu mais.
Consegui contornar a situação de uma forma relativamente tranqüila, embora tensa por momentos.

Talvez se não fosse policial, não ficaria tão tenso, sei lá.
Mas o fato de ficarmos o tempo todo tomando cuidado, trabalharmos diariamente com o crime, nos deixe assim.

 

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