Na quinta-feira passada, entre outras atividades, fomos
cumprir um mandado de busca e apreensão na casa de um investigado pro tráfico.
Sabemos que ele trafica, mas precisamos provar.
Reviramos toda a casa, procuramos nos lugares mais
improváveis.
No entanto, não encontramos nada.
Ele é aquele mesmo do sorriso debochado, que eu referi em
outra postagem tempos atrás.
Na saída, tivemos que agüentar o mesmo sorriso debochado.
Mas uma hora ele cai.
Na sexta-feira, passei por situações que imaginei que
passaria em algum momento.
Íamos para casa, perto do meio dia, um colega novato, um
estagiário e eu.
Quando cruzávamos por uma praça conhecida da cidade,
avistamos um rapaz acendendo um baseado.
O almoço iria esperar.
O colega e eu decidimos abordá-lo.
Voltamos, abordamos, revistamos e o identificamos.
Como não possuía mais nada, o conduzimos até a Delegacia
para o registro por posse de entorpecente.
Fomos a pé mesmo.
Ele utilizava muletas, por isso não o algemamos, apenas o
acompanhamos de perto.
Realizamos o registro com o plantonista e fomos embora.
À noite, fora do expediente, estava eu saindo do condomínio quando
notei a aproximação de um homem próximo ao portão.
Já fiquei prestando atenção nele.
Quando fechei o portão e ele me viu, veio em minha direção
de um jeito estranho e me disse “o meu, me arruma dez pila”.
Imediatamente levei a mão à cintura, mas não saquei a arma.
Disse a ele que não tinha nada e o mandei embora.
Ele insistia e o cheiro de cachaça ficava evidente.
Diante da insistência e desconfiado da atitude dele,
levantei a camiseta e empunhei a arma, mas não a saquei.
Vi que ele percebeu e disse “o meu, não sou ladrão nem
assaltante!”.
Mas eu ainda tinha minhas dúvidas, então continuei o
mandando embora, pois não o conhecia e não lhe daria dinheiro.
Desviei dele e fui até o carro, sempre cuidando a
movimentação dele, mas ele não insistiu mais.
Consegui contornar a situação de uma forma relativamente tranqüila,
embora tensa por momentos.
Talvez se não fosse policial, não ficaria tão tenso, sei lá.
Mas o fato de ficarmos o tempo todo tomando cuidado,
trabalharmos diariamente com o crime, nos deixe assim.
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