Gostaria de saber como vocês foram na prova, o que acharam das provas, dificuldades tanto na prova quanto no deslocamento, hospedagem, localização do local de prova, entre outras considerações.
Se quiserem escrever um pouco mais e colocar entre as postagens, aceitarei de bom grado.
Grato a todos!
O quotidiano de um Policial Civil novato. Relatos sobre as novas experiências como policial e as dificuldades encontradas na nova cidade.
domingo, 18 de agosto de 2013
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Abrindo mão de algumas coisas
Quando dizemos que abrimos mão de algumas coisas por causa da profissão, não estamos mentindo.Sabia que isso me afetaria em algum momento.
E esse momento chegou.
Depois de quatro anos afastado do principal festival de artistas amadores da América Latina, o ENART, tinha decidido voltar a participar e já havia passado pela fase Regional.
No entanto, as atividades profissionais acabaram adiando a participação para o ano que vem.
Faz parte.
Foi a primeira vez, mas certamente não será a última.
Estejam prontos, pois isso também vai acontecer com vocês.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Ser Policial - Vídeo
Deixo com vocês esse excelente vídeo de um acompanhamento policial com um belo texto.
Infelizmente não descobri a autoria de um ou outro, mas caso saibam, comentem e eu darei os créditos.
terça-feira, 13 de agosto de 2013
Discurso de formatura - Vídeo
Compartilho com vocês um vídeo do meu discurso de formatura da ACADEPOL 2012 (finalmente).
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Reação à abordagem policial
Trago um vídeo pra vocês.
Tanto faz olhar o vídeo antes ou depois de ler a postagem.
Deixando de lado a agressão ao Carpinejar, a atitude do agressor ao ser abordado pelo Policial é mais comum do que vocês imaginam.
O cara é abordado e age como se nem fosse com ele, como se não precisasse obedecer à abordagem, possivelmente se achando muito superior para ser detido por um Policial Militar.
Pior é que esse tipo de reação é ainda mais comum com pessoas mais instruídas, que, em tese, deveriam entender e colaborar com o trabalho Policial.
Pessoas ditas "instruídas" querem argumentar, sempre dizem que "tem seus direitos", não necessariamente elencando quais deles querem naquele momento.O cara é abordado e age como se nem fosse com ele, como se não precisasse obedecer à abordagem, possivelmente se achando muito superior para ser detido por um Policial Militar.
Pior é que esse tipo de reação é ainda mais comum com pessoas mais instruídas, que, em tese, deveriam entender e colaborar com o trabalho Policial.
É lógico que sabemos, como Policiais, que a pessoa abordada/detida/presa tem seus direitos.
Mas nós temos o dever de fazer nosso trabalho e é claro que isso coloca as pessoas em uam situação incômoda, o que não lhes dá o aludido direito a serem insucetíveis à lei.
Tirem suas proprias conclusões.
http://videos.clicrbs.com.br/rs/zerohora/video/video-minuto/2013/08/video-mostra-agressao-fabricio-carpinejar/33791/
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2013/08/fabricio-carpinejar-e-agredido-por-pedestre-durante-gravacao-de-tv.html
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Voltando
Tentando voltar a escrever.
Volto para dizer que estou bem, nada mudou e que não abandonei o Blog.
Embora não escreva, acesso para ver o que vocês comentam.
Por enquanto posso dizer que o volume de trabalho anda intenso.
Maio fechou com 3 roubos.
Junho com 12.
Julho com 24.
Houve um crescimento vertiginoso nesse tipo de crime e isto nos deixa de cabelo em pé.
A pressão por soluções aumenta.
Continuo fechando procedimentos seguidamente, pedindo prisão e mandados de busca.
Esperamos que dê resultados.
Tesntarei voltar a escrever, mesmo que pouco, mas diariamente.
Grande abraço a todos!
Volto para dizer que estou bem, nada mudou e que não abandonei o Blog.
Embora não escreva, acesso para ver o que vocês comentam.
Por enquanto posso dizer que o volume de trabalho anda intenso.
Maio fechou com 3 roubos.
Junho com 12.
Julho com 24.
Houve um crescimento vertiginoso nesse tipo de crime e isto nos deixa de cabelo em pé.
A pressão por soluções aumenta.
Continuo fechando procedimentos seguidamente, pedindo prisão e mandados de busca.
Esperamos que dê resultados.
Tesntarei voltar a escrever, mesmo que pouco, mas diariamente.
Grande abraço a todos!
quarta-feira, 3 de julho de 2013
Como andam seus estudos?
Voltando a escrever.
Quando fico muitos dias seguidos sem escrever, fica mais
difícil ainda de voltar.
O dia a dia nos acostuma ás atividades e elas deixam de ser
novidades.
Deixando de ser novidade, não encontramos coisas
interessantes pra contar.
Nos últimos dias, no entanto, os crimes contra o patrimônio
voltaram a subir, principalmente os roubos.
E isso aumenta nossa demanda.
Essas fases de criminalidade apresentam certas dificuldades.
Por exemplo, os autores dos crimes vão mudando e o modo de
agir também.
E nos últimos dias, essa variação aumentou bastante, dando a
entender que podem ser vários autores diferentes.
Ainda estamos correndo atrás deles.
Hoje conseguimos recuperar mais um telefone celular produto
de furto, utilizando os meios disponibilizados pelas operadoras (quebra de
sigilo, interceptação, etc).
Semana passada tivemos que ficar depois do expediente, em
virtude de uma manifestação na cidade, mas tudo correu tranquilamente.
De resto, tudo tranqüilo.
E os estudos de vocês para o concurso, como andam?sábado, 22 de junho de 2013
Você sabe por que é contra a PEC 37?
Sofro questionamentos de todo o tipo sobre a PEC 37.
Hoje mesmo fui questionado sobre meu posicionamento
sobre o assunto enquanto acompanhava a manifestação ocorrida na Cidade.
Repito o que já disse: Meu objetivo é mostrar às
pessoas o outro lado, o de quem apoia a PEC 37 por considerá-la constitucional,
pois a maioria só sabe o que a mídia ou as outras pessoas comentam, de forma
distorcida.
Isso não quer dizer que eu seja contra ou a favor.
Mas vejamos os seguintes pontos:
Sabem o que diz o texto da PEC 37?
Ele acrescenta o §10 no artigo 144 da Constituição Federal, dizendo que "A apuração das infrações penais de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incumbem privativamente às polícias federais e civis dos Estados e do Distrito Federal, respectivamente".
Como se vê, não há referência ao MP.
O problema não é o MP poder investigar, o problema é a questão legal que isso envolve.
Por exemplo, se o MP puder investigar, quem irá fazer o controle externo?
Para quem desconhece, o MP é quem realiza o controle
externo na Polícia Civil e, consequentemente, nas investigações criminais.
Se as coisas não saem a contento, então o MP também possui
parcela de culpa, pois seu controle pode não estar sendo suficiente.
Como será feita a regulamentação de acesso aos autos
pela defesa durante a investigação?
Isso é regulamentado em lei quando se trata de
Inquérito Policial, mas como se dará quando quem investigar for o MP?
Esse acesso é previsto pelo Estatuto da OAB, mas não há
outra legislação específica sobre o assunto (até onde eu saiba).
A PEC 37 não impossibilita o MP de realizar ações e
investigações acerca de improbidade administrativa, que são as investigações
realizadas para avaliar a conduta dos
atores da vida política.
A Polícia Civil ou Federal não possui atribuição para
essas investigações e nem por isso exige participação nelas, pois, como disse,
não é sua atribuição.
Verificada a ocorrência de crime em alguma dessas
investigações sobre improbidade administrativa, qual o problema de requisitar
diligências e instauração de Inquérito Policial pela Polícia Civil, se é exatamente
isso o que diz a lei?
Se, hipoteticamente, o Delegado fizer vistas grossas,
qual o problema de o MP, que realiza o controle externo, tomar as medidas
cabíveis para o devido andamento e punição da Autoridade Policial?
Se achar que esse controle não funciona, pode ser que
ele não esteja sendo bem executado pelo MP.
Se pode ocorrer investigação concorrente, qual o
problema de haver uma comunhão de esforços?
Algum problema em dividir os méritos nas investigações exitosas?
O que regulamenta as investigações feitas pelo MP são
fragmentos de leis infra-constitucionais, regulamentos e/ou regimentos do próprio MP,
desprezando o que diz a constituição como um todo.
Mas, veja bem, acredito que quanto mais instituições
tiverem o poder e o dever de fiscalizar, mais a sociedade ganha.
Para mim é indiferente o MP investigar ou não, mas isso,
atualmente, é um problema constitucional.
Não é o que eu acho ou o que você acha, é o que a
Constituição diz, in verbis:
“Art. 129. São
funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
II - zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços
de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as
medidas necessárias a sua garantia;
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a
proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros
interesses difusos e coletivos;
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para
fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta
Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações
indígenas;
VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua
competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma
da lei complementar respectiva;
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da
lei complementar mencionada no artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações
processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a
consultoria jurídica de entidades públicas”.
Como
se vê, a lei estabelece claramente as atribuições do MP, não mencionando em nenhum momento a atribuição de investigar.
Quanto
às atribuições das Polícias Civil e Federal, assim dispõe a Constituição:
"Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de
bombeiros militares.
§ 1º - A
polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - apurar infrações penais contra a ordem
política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou
de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações
cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem
prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas
de competência;
III - exercer as funções de polícia
marítima, aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as
funções de polícia judiciária da União.
§
4º - Às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.
O
fato de que para a Polícia Civil não consta o termo “exclusivamente” sobre as
investigações, deve-se ao fato de que, claramente, a lei dispõe as atribuições exclusivas
da Polícia Federal.
Como
a atribuição da Polícia Civil é residual, sua exclusividade se dá, tacitamente,
sobre todos os demais crimes.
Se o MP quer investigar, e isso, de alguma forma,
puder ser constitucional, que seja devidamente regulamentado em lei, sob pena de termos um sedizente
quarto poder com superpoderes e quase nenhum controle.
O sistema de freios e contrapesos entre os poderes é
exatamente para que haja um equilíbrio entre as instituições.
Ser a favor da PEC 37 não é ser a favor da impunidade,
muito pelo contrário, é ser favorável à constitucionalidade.
Se mesmo assim disserem que o trabalho Policial não sai
a contento, que se invista mais em pessoal, em estrutura, em salários e na
qualificação e treinamento dos servidores.
Jamais deixaremos de fazer algo, senão por pura falta de
meios, afinal, já fazemos muito com o pouco que nos é disponibilizado.
Se depois de tudo isso, você continuar sendo contra à PEC 37, eu respeito, afinal, como já disse Voltaire (supostamente) "Não concordo com uma palavra que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo".
Apenas não se surpreenda se outras normas constitucionais começarem a ser desobedecidas, já que algo assim cria um precedente.
E precedentes constitucionais são mais nocivos do que quaisquer outros.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
Um dia é da caça...
... e o outro do caçador!
O dia seria normal hoje, não fosse por um motivo.
Decidimos cumprir mandados de busca e apreensão em horário
diferente do costumeiro.
Saímos para o cumprimento pouco antes das 18h.
Os lugares eram pontos com diversas informações de tráfico,
mas que ainda não tinham “caído” nenhuma vez.
Chegamos, dominamos o ambiente e começamos as buscas.
Fui procurar no quarto do casal com outros colegas.
De cara, abri uma caixa de sapatos e... Bingo!
Encontrei algo acondicionado dentro de três balões atados
entre si e isso, por si só, já era suspeito.
Entreguei para um colega mais velho verificar e segui as
buscas.
O colega abriu e confirmou a suspeita: era droga.
Logo encontrei mais algumas pedrinhas embaladas em papel
alumínio dentro de um pote de água oxigenada.
Outro pote pequeno escondia cocaína, pronta para ser
vendida.
Ainda encontramos outros objetos suspeitos que foram
apreendidos.
Levamos o casal preso em flagrante para a Delegacia,
enquanto os filhos pequenos choravam no colo de outros parentes.
Requisitamos duas pessoas que não fossem policiais para testemunharem
os objetos apreendidos.
Saímos com os presos na direção da Delegacia com as sirenes
ligadas.
É gratificante realizar um bom serviço e poder mostrar isso
para a comunidade.
Mais ainda quando se trata de um indivíduo difícil de
derrubar.
Mas todos cairão, cedo ou tarde. E hoje foi um dia desses.
Saí da Delegacia por volta de 21h, mas valeu a pena.
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Pode comemorar-se uma morte?
Houve um tempo em que os direitos eram conquistados à força.
Não havia convenções ou regras dizendo o que se deveria ou
não fazer.
Através da força, cada indivíduo impunha sua vontade.
Tempos depois, um indivíduo sustentado pela monarquia e
igualado a Deus, ou representante deste na Terra, fazia o que achava que devia
fazer.
Tudo através da força.
Ele era o Estado, ele era a lei.
Com a revolução francesa, tudo mudou.
Finalmente passamos a ter direitos.
Direitos tão básicos que hoje é praticamente inimaginável
viver sem eles.
Isso tudo há menos de trezentos anos, o que é nada comparado
à história humana.
Com a criação do Estado como conhecemos hoje, a nível ocidental,
claro, as coisas mudaram ainda mais.
Mais direitos foram sendo conquistados.
Já não era mais possível submeter-se a tiranias e
arbitrariedades com a mesma passividade de antes.
E então o Estado, através de um imaginário contrato social,
propôs-se a nos fornecer segurança, igualdade de direitos, e outras medidas que
proporcionassem nosso bem estar, nosso crescimento individual, mas
principalmente em sociedade.
Para isso, abriríamos mão de parcela de nossos direitos.
Abdicaríamos quase que completamente do uso da força, já
que, em tese, não precisaríamos mais dela.
O projeto era realmente incrível.
No entanto, com as singularidades que só a humanidade pode apresentar,
algo saiu errado.
Sim, algo deve ter dado errado, ou viveríamos em um paraíso
atualmente.
Se tudo tivesse dado certo, em tese, teríamos níveis mínimos
de violência e desigualdade.
Não é isso que vemos hoje.
A violência se dissemina com espantosa facilidade e nos
vemos perplexos ante a morosidade e comodidade do Estado.
E aqui, leia-se Estado como o tripé Executivo, Judiciário e
Legislativo.
O Executivo não fornece os meios mais fundamentais para o desenvolvimento
de todas as pessoas em igualdade e culpa o Legislativo por não criar leis para
tanto e o Judiciário por não aplicar as leis já existentes com maior rigor.
O Judiciário se exime de responsabilidade, põe a culpa no
Executivo pela falta de amparo à população e diz-se de mãos atadas, pois só
aplica a lei elaborada pelo Legislativo e tenta dar igualdade aos desiguais.
O Legislativo culpa o Judiciário por querer legislar e ser
deveras brando, culpa o Executivo por não tomar providências antesos anseios
da sociedade e, com toda essa ocupação crítica, não legisla.
Enquanto isso, travamos uma batalha diária para suprir a lacuna deixada pelo estado nas mais diversas situações.
Então, quando um miserável volta ao seu estado natural mais
primitivo, utilizando da força para suprir necessidade básicas e,
consequentemente, infringindo leis, vemos a falência de todo o sistema.
Este indivíduo, desamparado pelo Executivo, ignorado pelo
Legislativo e, discutivelmente, solto pelo Judiciário, é visto como um inimigo
por seus pares.
A partir deste momento, cria-se algo praticamente
intransponível.
A sociedade dificilmente o aceitará em seu seio e ele
dificilmente fará o necessário para isso.
É então que desejamos que o inimigo seja colocado longe de
nossos olhos, que seja preso.
Mas aí o Judiciário logo o solta, o Executivo ainda não
tomou providências e o Legislativo segue passivo a tudo.
O indivíduo volta à rua, os crimes voltam a ocorrer e aquele
algo intransponível só aumenta.
E esse aumento causa um sentimento de revolta, que faz com
que passemos a desacreditar no Estado.
É nesse momento que voltamos a acreditar na força como único
meio de solução do conflito.
Mas esses quase trezentos anos de submissão ao Estado e
desuso da força nos faz pensar melhor, afinal, temos muito a perder.
Temos família, amigos, um emprego, contas a pagar, entre
outras coisas.
Mas e quem não as tem?
Provavelmente se encontrará com o nosso inimigo.
Talvez sejam amigos. Talvez nem tanto.
E um dia eles, que vivem à parte do Estado e só conhecem o
primitivo uso da força, acabam ceifando suas vidas, de uma forma ou de outra.
E então comemoramos.
Afinal, quantos crimes deixarão de ocorrer, quantas casas
deixarão de ser invadidas, quantas vidraças deixarão de ser quebradas, quantas
pessoas deixarão de ser vítimas de violências e ameaças?
Nesse momento, voltamos também ao nosso estado primitivo,
mesmo que mentalmente.
Mas e quem pode julgar-nos por pensar assim?
Nos livramos de uma falha do Estado, de um produto do
descaso que nos causava incômodo e que os braços curtos do Estado não
alcançavam.
E é aí, para nossa surpresa, que o Estado surge, nas suas
diversas formas, nos criticando por pensarmos assim.
O mesmo Estado que deu origem a um indivíduo que não
conhecia limites, que não conseguiu contê-lo nem recuperá-lo.
É claro que a violência é abominável sob todas as suas
formas.
Os que vieram antes de nós lutaram muito para que hoje
vivêssemos em paz, para que tivéssemos direito à vida, à liberdade e à
igualdade.
Lutaram para que tivéssemos o direito de sermos humanos.
E conseguimos muito mais.
Chegamos onde talvez nenhum revolucionário francês imaginou.
E é nesse momento que me questiono: Estamos certos ao
comemorar a morte do inimigo?
*Texto inspirado na seguinte notícia: http://guiasaoluiz.net/2013/06/zagalo-foi-morto/
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Uma hora, isso ia acontecer...
Na quinta-feira passada, entre outras atividades, fomos
cumprir um mandado de busca e apreensão na casa de um investigado pro tráfico.
Sabemos que ele trafica, mas precisamos provar.
Reviramos toda a casa, procuramos nos lugares mais
improváveis.
No entanto, não encontramos nada.
Ele é aquele mesmo do sorriso debochado, que eu referi em
outra postagem tempos atrás.
Na saída, tivemos que agüentar o mesmo sorriso debochado.
Mas uma hora ele cai.
Na sexta-feira, passei por situações que imaginei que
passaria em algum momento.
Íamos para casa, perto do meio dia, um colega novato, um
estagiário e eu.
Quando cruzávamos por uma praça conhecida da cidade,
avistamos um rapaz acendendo um baseado.
O almoço iria esperar.
O colega e eu decidimos abordá-lo.
Voltamos, abordamos, revistamos e o identificamos.
Como não possuía mais nada, o conduzimos até a Delegacia
para o registro por posse de entorpecente.
Fomos a pé mesmo.
Ele utilizava muletas, por isso não o algemamos, apenas o
acompanhamos de perto.
Realizamos o registro com o plantonista e fomos embora.
À noite, fora do expediente, estava eu saindo do condomínio quando
notei a aproximação de um homem próximo ao portão.
Já fiquei prestando atenção nele.
Quando fechei o portão e ele me viu, veio em minha direção
de um jeito estranho e me disse “o meu, me arruma dez pila”.
Imediatamente levei a mão à cintura, mas não saquei a arma.
Disse a ele que não tinha nada e o mandei embora.
Ele insistia e o cheiro de cachaça ficava evidente.
Diante da insistência e desconfiado da atitude dele,
levantei a camiseta e empunhei a arma, mas não a saquei.
Vi que ele percebeu e disse “o meu, não sou ladrão nem
assaltante!”.
Mas eu ainda tinha minhas dúvidas, então continuei o
mandando embora, pois não o conhecia e não lhe daria dinheiro.
Desviei dele e fui até o carro, sempre cuidando a
movimentação dele, mas ele não insistiu mais.
Consegui contornar a situação de uma forma relativamente tranqüila,
embora tensa por momentos.
Talvez se não fosse policial, não ficaria tão tenso, sei lá.
Mas o fato de ficarmos o tempo todo tomando cuidado,
trabalharmos diariamente com o crime, nos deixe assim.terça-feira, 4 de junho de 2013
Dias diferentes
Ontem e hoje foram dias bem distintos.
Ontem trabalhei muito, mas hoje o dia foi mais tranqüilo.
Ontem dediquei-me a esclarecer todas as dúvidas acerca das “Interceptações
Telefônicas”.
Liguei para as operadoras e percebi que cada uma delas
possui seu próprio modo de cadastrar o receptor das ligações em um sistema
chamado VIGIA.
Há o sistema VIGIA em cada operadora e ele é utilizado para
que tenhamos acesso a diversas informações durante as escutas.
Outra informação que eu desconhecia é o fato de que após
achegada do CD com as conversações, deve ser solicitada nova senha para acesso.
Acabei elaborando um passo a passo de todo o procedimento,
do início ao fim, de todas as providências a serem tomadas, para que todos
tenham acesso.
Nem todos fazem escutas, mas não se pode excluir que se vá
precisar algum dia.
Também não seria sensato amealhar diversas informações e não
compartilhá-las.
Hoje, como disse, o dia foi mais tranqüilo.
Não trabalhei com nada mais específico.
Fiz diversas pequenas atividades, principalmente organizando
e juntando documentos em procedimentos, já que não pude fazer isso ontem.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Novidades!
E a semana começou com novidades!
Devido à grande quantidade de novos procedimentos nos
cartórios, e muitos com prazo, fui designado para auxiliar os cartórios por tempo
indeterminado.
Hoje mesmo já recebi o primeiro procedimento, um inquérito
policial originado de um flagrante de tráfico de drogas.
Confesso que fiquei bem perdido.
Primeiro separei o flagrante e as demais peças em duas vias.
Juntei algumas peças que ainda faltavam e eram um pouco mais
simples.
Deixei as mais complexas para amanhã.
Amanhã oficio o IGP para remeter parte da droga para exame
pericial.
Oficio também o DENARC para remeter o restante da droga.
Não são procedimentos tão complexos, mas não pude fazê-los
hoje em virtude de ter a droga em minha guarda apenas no fim do dia.
Pesei-a e fotografei na balança.
No restante do dia, auxiliei em outros procedimentos.
Vamos ver como me sairei agora fazendo o papel quase que
exclusivo de escivão.terça-feira, 21 de maio de 2013
Crimes diminuindo
Ainda estamos envolvidos com os procedimentos da Operação.
É realmente algo bem complexo e demorado, mas superaremos.
Pela manhã ficamos envolvidos buscando elementos para
desvendar a autoria de um roubo ocorrido em um estabelecimento comercial ontem à
noite.
Durante a tarde, em uma dessas diligências, abordamos um
grupo de indivíduos no interior de uma praça.
Deixamos a viatura distante e entramos na praça caminhando,
meio que escondidos, de forma que só nos vissem quando já estivéssemos bem
perto.
E deu certo. Quando notaram nossa presença já estávamos “em
cima” deles.
Em revista pessoal no primeiro indivíduo, encontramos certa quantidade
de maconha.
Algemei-o e o outro colega seguiu na revista, mas nada mais
foi encontrado.
Levamos para a Delegacia para lavratura do flagrante pro
tráfico de drogas, já que o argumento de que era usuário não colou.
Nos últimos dias dediquei-me e elaborar uma tabela com
estatísticas dos crimes contra o patrimônio registrados nos últimos meses.
Maior atenção para os furtos, roubos e estelionatos, já que
são delitos mais comuns por aqui.
Dentro dos furtos, discriminei aqueles em residências, em
veículos, de veículos, em estabelecimentos comerciais, e “outros furtos”.
Nos roubos, discriminei aqueles contra pedestres , contra
estabelecimentos comerciais, de veículos e em residências.
Depois disso, utilizei o Excel para transformar todos os
dados em uma tabela, primeiro geral, depois discriminada.
Foi interessante ver como o índice de crimes contra o
patrimônio tem diminuído nos últimos meses.
Roubos saíram de uma média de mais de quinze por mês para
menos de cinco.
O índice de furtos caiu um terço mês passado e possivelmente
vai cair ainda mais este mês se seguir com a média atual.
O segredo?
Ainda estou tentando descobrir.
Na verdade, criei a tabela exatamente para verificar o que
leva a essa sazonalidade, embora já tenha em mente algumas hipóteses.
O fato de termos “destapado” algumas autorias e pedido a
prisão preventiva dos acusados, que continuam presos, ajudou bastante,
principalmente na diminuição dos roubos.
O mesmo vale para os autores dos furtos, embora estejam
presos por este e por outros motivos, já que dificilmente ficam presos por
responderem por furtos (infelizmente).
Assim que encerrar este mês, poderei ter dados mais
concretos da diminuição dos crimes contra o patrimônio.
Vamos ver o que poderá ser extraído dessas informações.
Tudo em prol da diminuição da criminalidade.domingo, 12 de maio de 2013
Semana corrida
Voltando depois de alguns dias sem computador.
A semana foi bem movimentada, então vamos tentar fazer um
retrospecto.
Ainda na sexta-feira passada, substituí um colega no
Plantão.
Durante o dia, movimentado, mas a noite foi calma.
A madruga foi agitada.
Duas ocorrências aparentemente simples, mas que tomaram
muito tempo.
Uma localização de uma menor que constava no sistema como
desaparecida.
Isso é relativamente comum.
As pessoas registram o sumiço e depois, quando a pessoa
volta, não vão registrar a localização.
O registro é simples, mas localizar um responsável na
madrugada não é muito simples.
Quando terminei e deitei um pouco, por volta de 02h30min,
logo chegaram duas guarnições da brigada militar com um preso por desacato,
resistência e desobediência.
Imediatamente o coloquei na cela, algemado mesmo, já que
estava muito agitado.
E aí foi um sacrifício para convencê-lo a se aproximar da
grade para ser desalgemado.
Ai ele começou a nos ofender, nos chamando de todos os
impropérios possíveis e a chutar a grade.
Pela extrema agitação, acredito que não estivesse apenas
alcoolizado.
Fosse minha a algema e eu teria deixado, mas como era de um
dos policiais militares, acredito que ele quisesse de volta.
Imaginei que seria temerário entrar na cela e desalgemá-lo.
Provavelmente conseguiríamos, mas exporíamos a nossa
integridade física e a dele (mais a dele) e eu não estava a fim de responder
nada por enquanto.
Então um dos policiais ficou conversando com ele, para acalmá-lo,
até conseguir retirar a algema.
Por precaução, filmamos o preso chutando a grade e nos
desacatando, para nossa própria segurança, afinal, ele deve ter ficado
machucado.
Também fiz uma ocorrência bem completa e certifiquei todo o
ocorrido.
Na segunda-feira, iniciou meu sobreaviso.
E já no primeiro dia, durante a noite, fomos acionados.
Um acidente com vítima fatal em uma rodovia.
Quando chegamos, a Polícia Rodoviária Federal já havia
tomado todas as providências relacionadas ao levantamento do local e remoção da
vítima.
Apenas fotografamos o local e fizemos um relatório. O
relatório da PRF foi acostado posteriormente.
Na quinta-feira, deflagramos a “Operação Abigeatus” na
cidade.
Foco principal no combate ao abigeato, mas realizamos
inspeções em todos os estabelecimentos comerciais da cidade que vendem derivados
de carne.
Também vistoriamos datas de validade, produtos procedentes
de contrabando e/ou descaminho, lotes de leite com suspeita de adulteração e
carne não inspecionada.
Todos os estabelecimentos com alguma irregularidade tiveram
seus donos ou responsáveis autuados em flagrante.Começamos antes das 6h e só paramos depois da meia noite.
Um dia extremamente agitado.
Embora valha muito a pena e seja bem interessante, é realmente muito cansativo.
Operação e festa são legais, mas ficam melhores na casa dos outros (piadinha).
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