Meu colega comunicava que ocorrera um homicídio.
Era exatamente meia noite.
Aprontei-me e fiquei esperando.
Fomos até a Delegacia, pegamos as informações necessárias e
nos dirigimos até o local do fato.
O crime aconteceu longe do centro, próximo ao porto.
O corpo estava no chão, coberto com um lençol, devidamente
isolado e guarnecido pela Brigada Militar.
Como os peritos foram acionados e viriam, não mexemos em
nada.
A chegada deles demoraria, já que viriam de uma cidade
distante 200 km.
Pegamos as informações já levantadas pelos colegas militares
e conversamos com algumas pessoas que estavam curiosas no local.
Alguém sempre vê ou ouve alguma coisa.
Claro que é necessário filtrar muitas coisas, mas, em
princípio, deve-se levar tudo em consideração, até sabermos o que realmente pode
ser aproveitado.
Fui instruído a apenas fazer perguntas, colher o máximo
possível de informações, para só depois convidar a pessoa a nos acompanhar até
a Delegacia.
Se esse “convite” é feito no início, a pessoa pode não
querer colaborar e não falar mais nada.
Logicamente podemos levá-la para a Delegacia, mas alguém
contrariado pouco irá ajudar.
Resolvemos realizar buscas em algumas casas para encontrar
pessoas que foram citadas pelos curiosos.
Os lugares escuros nos quais nos metemos me fez aprender a
nunca mais sair sem uma lanterna.
Até pensei em levá-la quando saímos da Delegacia, mas
resolvi deixar por achar que não precisaria.
Estávamos em dois Policiais Civis e dois Policiais
Militares.
Andamos por diversos lugares, em vão.
Mais informações colhidas, mas ninguém encontrado.
Quando voltamos à cena do crime, uma testemunha presencial
havia passado e deixado seu nome.
Imediatamente o encontramos e levamos até a Delegacia.
Nada pode ser deixado para depois.
Uma máxima policial conhecida diz que “um homicídio se
resolve nas primeiras 24 horas ou não se resolve mais”.
Exageros à parte, faz sentido.
Enquanto as pessoas estão em choque, estão indignadas com o
que ocorreu, falam com mais facilidade.
Se esperamos para o outro dia, as testemunhas, já de cabeça
fria, temendo represálias, desencorajada por familiares e amigos, acaba
omitindo o que sabe para “não se complicar e não se incomodar”.
Infelizmente é quase sempre assim.
Por isso a importância do atendimento de pronto e de
qualidade.
Não se pode ter pressa, mas não se pode perder tempo.
Luiz, quando for casado, prepare-se para ouvir muita reclamação da sua senhora! rsrs
ResponderExcluirJá ouvi essa máxima citada também, mas é realmente super exagerada e sem fundamentos, coisa de gente muito antiga. A investigação sobretudo de um homicídio não é feita apenas por Agentes Policiais. A Perícia é a base, desde a de Local até a do Legista. E claro, nenhum laudo fica pronto em menos de 24 horas. Quem falou isso esqueceu que não existem apenas provas testemunhais. As Periciais, como eu disse, são a base; e há também as documentais, as quais os Agentes vão identificando no curso da Investigação, muitas delas após 24 horas.
Papa Charlie
Sim, claro.
ExcluirMas geralmente os primeiros indícios vem de provas testemunhais.
Alguém que ouviu isso ou aquilo sobre uma briga, sobre uma inimizade e tal.
E isso vem na hora do fato, depois ninguém quer se envolver... eheh
Acho que aí sim, as provas periciais embasam melhor na questão de materialidade e autoria, afinal, já se sabe o que se quer e o que se procura.