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segunda-feira, 18 de março de 2013

Homicídio no fim do sobreaviso

Ontem, enquanto eu já pensava em ir dormir e agradecia pela semana de sobreaviso tranqüila, recebi uma ligação.

Meu colega comunicava que ocorrera um homicídio.
Era exatamente meia noite.

Aprontei-me e fiquei esperando.
Fomos até a Delegacia, pegamos as informações necessárias e nos dirigimos até o local do fato.

O crime aconteceu longe do centro, próximo ao porto.
O corpo estava no chão, coberto com um lençol, devidamente isolado e guarnecido pela Brigada Militar.

Como os peritos foram acionados e viriam, não mexemos em nada.
A chegada deles demoraria, já que viriam de uma cidade distante 200 km.

Pegamos as informações já levantadas pelos colegas militares e conversamos com algumas pessoas que estavam curiosas no local.
Alguém sempre vê ou ouve alguma coisa.

Claro que é necessário filtrar muitas coisas, mas, em princípio, deve-se levar tudo em consideração, até sabermos o que realmente pode ser aproveitado.
Fui instruído a apenas fazer perguntas, colher o máximo possível de informações, para só depois convidar a pessoa a nos acompanhar até a Delegacia.

Se esse “convite” é feito no início, a pessoa pode não querer colaborar e não falar mais nada.
Logicamente podemos levá-la para a Delegacia, mas alguém contrariado pouco irá ajudar.

Resolvemos realizar buscas em algumas casas para encontrar pessoas que foram citadas pelos curiosos.
Os lugares escuros nos quais nos metemos me fez aprender a nunca mais sair sem uma lanterna.

Até pensei em levá-la quando saímos da Delegacia, mas resolvi deixar por achar que não precisaria.
Estávamos em dois Policiais Civis e dois Policiais Militares.

Andamos por diversos lugares, em vão.
Mais informações colhidas, mas ninguém encontrado.

Quando voltamos à cena do crime, uma testemunha presencial havia passado e deixado seu nome.
Imediatamente o encontramos e levamos até a Delegacia.

Nada pode ser deixado para depois.
Uma máxima policial conhecida diz que “um homicídio se resolve nas primeiras 24 horas ou não se resolve mais”.

Exageros à parte, faz sentido.
Enquanto as pessoas estão em choque, estão indignadas com o que ocorreu, falam com mais facilidade.

Se esperamos para o outro dia, as testemunhas, já de cabeça fria, temendo represálias, desencorajada por familiares e amigos, acaba omitindo o que sabe para “não se complicar e não se incomodar”.
Infelizmente é quase sempre assim.

Por isso a importância do atendimento de pronto e de qualidade.
Não se pode ter pressa, mas não se pode perder tempo.

2 comentários:

  1. Luiz, quando for casado, prepare-se para ouvir muita reclamação da sua senhora! rsrs

    Já ouvi essa máxima citada também, mas é realmente super exagerada e sem fundamentos, coisa de gente muito antiga. A investigação sobretudo de um homicídio não é feita apenas por Agentes Policiais. A Perícia é a base, desde a de Local até a do Legista. E claro, nenhum laudo fica pronto em menos de 24 horas. Quem falou isso esqueceu que não existem apenas provas testemunhais. As Periciais, como eu disse, são a base; e há também as documentais, as quais os Agentes vão identificando no curso da Investigação, muitas delas após 24 horas.

    Papa Charlie

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    1. Sim, claro.
      Mas geralmente os primeiros indícios vem de provas testemunhais.
      Alguém que ouviu isso ou aquilo sobre uma briga, sobre uma inimizade e tal.
      E isso vem na hora do fato, depois ninguém quer se envolver... eheh
      Acho que aí sim, as provas periciais embasam melhor na questão de materialidade e autoria, afinal, já se sabe o que se quer e o que se procura.

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