Passei quase toda a semana sem internet em casa, motivo pelo
qual não escrevi.
No trabalho, fiquei muito pouco dentro da Delegacia.
Deflagramos uma verdadeira caçada atrás de um perigoso
assaltante.
O indivíduo estava causando pânico na cidade, já que cometeu
pelo menos 4 crimes (entre roubos e furtos) em poucos dias e sempre armado.
Com tudo isso, fomos incumbidos de procurá-lo na parte da
cidade onde provavelmente estaria se escondendo.
Andamos por todas as ruas do bairro onde ele costumeiramente
estava.
Não raras vezes cruzávamos por viaturas da Brigada Militar,
também à procura do mesmo indivíduo.
Recebíamos várias informações de moradores do bairro e de
pessoas que ligavam pra Delegacia.
Quando chegava uma informação nova, íamos até a casa onde
supostamente o indivíduo estava, cercávamos e batíamos na porta.
O morador atendia e perguntávamos sobre o procurado.
Mesmo diante da negativa, pedíamos para olhar a casa.
Ninguém se opôs ao pedido, todos franquearam a entrada sem
problemas.
Perguntávamos, então, ao morador, qual o provável motivo da
casa ser indicada como paradeiro do procurado, se ele havia estado ali, se
ouvira algo sobre onde poderia estar, entre outras coisas.
Enquanto alguns colegas faziam essas perguntas, outros
dirigiam-se aos vizinhos, que, curiosos, já estavam nas proximidades
observando, e perguntavam se o procurado havia estado aquele local ou nas
proximidades.
Depois, na viatura, trocávamos as informações colhidas, a
fim de verificar alguma possível contradição ou inverdade.
Fizemos isso durante os três dias de busca.
Entramos em várias residências.
Na quinta-feira, realizamos diligências em prostíbulos,
lugar muito freqüentado pelo procurado, e perguntamos se ele havia passado por
ali.
Ainda avisamos que, caso ele aparecesse, que nos
comunicassem o mais rápido possível.
Mesmo com todas essas “andanças” realizadas, não logramos
êxito em encontrar o procurado.
No entanto, de quebra, encontramos um foragido de Santa
Maria e um marido agressor com mandado de prisão decretado.
Ontem foi um dia de reorganização.
Como não parei na Delegacia, tive que verificar meus
procedimentos, para lembras em que pé andavam cada um.
Acabei fazendo um levantamento de local pela manhã.
Algo bem simples.
Apenas passei a pé na frente do local para verificar algumas
denúncias anônimas, confirmei a veracidade e voltei pra Delegacia elaborar o
relatório de diligências e representar por mandado de busca e apreensão.
Hoje, dediquei-me às Interceptações telefônicas.
Há vários procedimentos pendentes, aguardando a remessa dos
CDs contendo as gravações das interceptações.
Diante disso, redigi mais de vinte ofícios ao Guardião,
solicitando a remessa dos CDs.
Interessante que o ofício deve constar o nome do servidor
que irá retirá-los do Guardião.
Em contato com a Regional, fui informado de que iriam amanhã
de manhã.
Logo, teria que me apressar para terminar tudo e ainda
mandar pelo ônibus até a cidade onde fica a Regional.
Com a chegada dos CDs, mais trabalho pela frente.
Hora de responder ao Judiciário se houve algo importante
para investigação e degravar o que for necessário, pra só então dar por
terminado o ciclo da interceptação telefônica.
Pelo menos é o que eu sei até o momento.
Pode ser que mais adiante eu perceba que o caminho é um
pouco mais longo.
Mas confesso que é um procedimento deveras chato de
trabalhar.
Há muitas restrições e bastante burocracia no trâmite.
Uma segurança para o sigilo telefônico de cada um, mas uma
pedra no sapato no nosso trabalho.
Bom trabalho, Luiz, apesar de não alcançar o objetivo, todo o esforço é válido. Mais cedo ou mais tarde esse vagabundo será capturado por vocês, questão de pouco tempo, tenho certeza!
ResponderExcluirÓtima crítica contra a burocracia na questão da escuta telefônica, eu também sempre digo isso. Os Delegados de Polícia deveriam ter o poder de autorizar essas escutas, pelo tempo que a investigação mostrasse necessário. Um Delegado de Polícia aqui do Rio tentou reverter essa situação explicando os motivos pelos quais os Delegados que deveriam ser responsáveis por autorizar as escutas, lá na Câmara dos Deputados Federais, mas não teve sucesso. Denitiviamente, não vejo necessidade dessa autorização depender de Juiz.
Não me entenda mal, mas por eu ter muito mais experiência na Polícia que você, além de cursos na área de ISP (Inteligência de Segurança Pública), permita-me fazer pequenas correções de termos técnicos utilizados por você nesse texto.
É evidente que a maioria dos Policiais comete esses pequenos equívocos, inclusive, é comum em documentos oficiais. Por isso, se você utilizar esses termos de maneira correta se destacará, positivamente.
Não se diz colheita, e sim, coleta. Colheita se faz em alguma plantação. Não se diz interceptação telefônica, e sim, monitoramento. Interceptação significa pôr fim à comunicação telefônica; e isso, é o que nunca desejamos. Esse último termo me deixa deveras curioso, pois se procurarmos no dicionário, interceptação tem o significado de cortar, interromper.
Abraço!
Papa Charlie
Obrigado Papa!
ExcluirLevados ao pé da letra, realmente, os termos estão incorretos.
Acabamos pegando esse vício de tanto ouvirmos e usarmos de forma errada.
Pode ter certeza que tais erros não serão repetidos ;) eheheh
Abraço!
papa charlie, voce é muito chato hein! kkkkkk to brincando!!!!! rsrsrs o dono do blog tem menos de um ano de policia ne, releva.... mas voce ta certo msm... e entendo sua intençao... me lembro de quando eu fiz acadepol pra me formar papiloscopista policial e nos slides e na apostila estava escrito colher e colheita de impressão digital e os professores sempre faziam questão de corrigir na hora.. falar que o certo é coleta.... sobre interceptação.. realmente faz sentido o que voce diz...
ResponderExcluirluiz, interessante seu blog.. é sempre bom saber que tem e ler um blog sobre a policia, escrito por um policial, apesar de eu ja conhecer muito bem essa realidade... quando eu tiver paciencia de criar o meu, eu te mando o link! ah e nao perca seu entusiasmo que dá pra perceber pelo jeito que escreve... nosso trabalho é muito importante, desde que bem feito!
Papa Chato hahahaha
ResponderExcluir