Sexta-feira.
Não escrevi sobre a quinta-feira, pois não tinha nada de
muito interessante.
De diferente, apenas uma oitiva de um investigado.
Embora não tivesse nada ver com o motivo de ele estar sendo
inquirido, me contou sobre como perdeu tudo desde que se tornou viciado em
crack.
Tinha um certo padrão de vida e entregou tudo pro tráfico.
A sexta-feira prometia.
Tínhamos dois Mandados de Busca e Apreensão (MBA) que
deveriam ser cumpridos na quinta-feira, mas, devido a outros compromissos, foram
adiados.
Era presumível que seriam cumpridos na sexta.
Por isso, tirei minha calça tática preta da mala e a
camiseta preta da polícia civil.
Para ir até a Delegacia usei um casaco, um pouco pelo frio,
um pouco pra não chamar a atenção.
Depois, os colegas mais velhos informaram que é interessante
não andarmos com nada que nos identifique como policiais.
Isso facilitará em investigações futuras, pois não seremos
conhecidos.
Pois bem, o dia, como o anterior, estava corrido pra todo
mundo, o que dificultava o cumprimento dos mandados, pois precisaríamos de duas
equipes.
Ainda pela manhã, recebemos um pedido de apoio na prisão de
um homem.
Quando chegamos lá ele já havia sido preso.
E o apoio era muito mais técnico, pois ele não estava em
condições de esboçar reação, pela idade e pelo estado de saúde.
Mais tarde, levamos esse mesmo homem até o presídio.
Pela tarde fomos cumprir o MBA em duas equipes, pois eram
dois endereços simultâneos.
A adrenalina estava moderada.
Saímos de viatura a procura do endereço.
Logo ao avistá-lo, a policial que dirigia estacionou na
contramão mesmo.
Descemos rápido.
Tive que ser rápido ao sacar a arma enquanto segurava a
prancheta com o MBA e descer do carro, tudo ao mesmo tempo.
Eu e uma colega pela porta da frente e dois colegas cuidando
a porta dos fundos.
Havia apenas um homem e uma senhora de idade na casa.
Foi apresentado o MBA e dito a que estávamos ali.
Antes de revistar o homem, dei uma geral no sofá onde eu
saberia que deveria colocá-lo sentado para ver se não havia nada. E não havia.
Só então procedi a revista pessoal. Também não havia nada.
Limpo!
Pedi para que ele se sentasse no sofá e fiquei de olho nele.
Arma no coldre, mas a mão no cabo indicava que, em caso de necessidade, o saque seria rápido. Questão de segurança.
Não há como saber se haverá reação ou não. Então, o melhor é
ficar pronto.
Os outros colegas procuravam armas, drogas e outros objetos
pela casa.
Depois de alguns minutos de busca, nada foi encontrado, em
nenhum dos dois endereços.
Pedimos desculpa, explicamos que é o nosso trabalho e fomos
embora.
A tensão de todo o procedimento deixava com uma sensação
boa, causada pela adrenalina.
Mais tarde, estávamos levando as colegas que ainda não
haviam saído pra rua para conhecer alguns pontos da cidade.
No meio do caminho, uma ligação pro telefone do meu colega.
Estrobos ligados e mudança de direção
“- Precisamos abordar alguém!”
Armas sacadas e alimentadas!
Procuramos nas redondezas o tal indivíduo com as
características passadas.
Não encontramos ninguém.
O dia movimentado, mas sem resultados práticos.
Faz parte.
Lição do dia: TO GOSTANDO MUITO!
Também sou da última turma. Muito bem lembrado o detalhe da revistar o sofá...
ResponderExcluirObrigado amigo.
ExcluirAbraço!