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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Como realizamos os reconhecimentos por fotografia


Fiquei muito feliz ao ler os comentários do texto anterior.
Confesso que perceber apenas visualizações e quase nenhum comentário me deixava desanimado.

Percebo que muitas pessoas têm acessado de forma assídua e isso me motivou a escrever mais e melhor.
Quanto às dúvidas suscitadas por alguns, tentarei ajudá-los da melhor maneira.

Peço que continuem comentando, assim posso saber como estão indo as coisas, no que posso melhorar, com o fim de aprimorar o blog.
Quanto ao dia de trabalho, normal.

Pouco serviço pela manhã.
Saímos realizar intimações de vítimas de roubos.

Dependendo da disponibilidade, a trazemos na mesma hora, ouvimos, tentamos realizar o reconhecimento, e levamos de volta para casa.
Caso não haja disponibilidade imediata, marca-se para o turno da tarde, como foi o caso de hoje, ou para outro dia.

Dessa forma, realizamos duas intimações pela manhã.
Depois disso, fomos abastecer a viatura.

Para quem desconhece o procedimento, cada policial possui um cartão, com senha pessoal, para abastecimento.
Há uma série de dados a serem fornecidos na hora do abastecimento, para que a destinação do uso seja devidamente comprovada posteriormente.

Qualquer incoerência entre os dados, e o responsável terá de dar explicações em procedimento próprio.
Requer muita atenção e responsabilidade.

Há valores fixos para as viaturas e, em caso de uma demanda maior, solicita-se, para as Delegacias Regionais, um complemento.
Até onde sei, esse complemento não vem de um dinheiro “extra”, e, sim, é retirado de outra viatura da mesma Delegacia.

À tarde, ficamos envolvidos com as oitivas das pessoas intimadas pela manhã.
Geralmente, após a reinquirição da vítima, tentamos um reconhecimento fotográfico, principalmente quando há algum dado relevante que possa auxiliar nessa identificação.

Alguns atos de reconhecimento são rápidos e positivos, como foi na primeira oitiva.
Outros, são extremamente demorados e infrutíferos, como foi o segundo caso.

Há um sistema muito interessante, que facilita o trabalho.
Há um álbum digital, com fotos de várias pessoas que já passaram pela Delegacia como autores.

Nas fotos, constam data de nascimento, RG, nome completo e apelido.
O primeiro dado colocado no nome da foto é o ano de nascimento.

Assim, quando a vítima refere, por exemplo, que o indivíduo tinha aproximadamente 30 anos, vamos para as fotos que iniciam com o ano 1982 e mostramos todos os indivíduos daquela faixa etária.
Se não começassem pela data de nascimento, teríamos muitas fotos, todas misturadas, de forma que a vítima teria que olhar cada uma, com possibilidade de não encontrar o autor do fato.

Além das fotografias de rosto (frente e perfil), tiramos fotos das tatuagens e cicatrizes, pois isso pode ser mencionado em alguma descrição.
Como referi anteriormente, passei algum tempo mostrando fotos para uma das vítimas, mas ela não reconheceu. Faz parte.

Não fosse isso, que é extremamente cansativo, havia a sonora continuidade de batidas de um preso visivelmente alterado na cela.
O que fazer? Pedir que pare ou esperar que canse.

Resumindo, o dia foi isso.
O texto de amanhã, estará bem mais interessante, acreditem.

Amanhã trago boas novas!

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog, ele tem sido uma injeção de ânimo para mim que estou prestes a prestar o concurso da polícia civil ..já li todos os seus posts e achei todos muito interessantes ..por favor continue escrevendo.

    André Neruda. (facebook)

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    Respostas
    1. Obrigado André.
      Já está aceito no Facebook.
      Boa sorte no concurso.
      Abraço!

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